quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A Sinfonia do Pecado - Parte II


2) A Melodia Divina - Gn 4:6

 Agora Deus entra em cena. A música, que antes era atemorizante e melancólica, passa ter uma sonoridade mais alegre. Muda de um tom menor, para uma tonalidade maior. Notas harmônicas, ao invés de notas dissonantes. Começa, então, a soar uma melodia divina nos ouvidos de Caim; um compasso de esperança para algo que parecia consumado. É isso que acontece quando Deus decide intervir sobre o pecado do homem.
Ao meditar sobre esse texto, me veio a seguinte questão: “Por que Deus resolveu orientar Caim sobre o seu comportamento”? Primeiramente, é importante destacar que Deus não se rebaixou ao exortar Caim, como muitos podem pensar. Isso não foi algo que expôs a fraqueza dEle; não era uma súplica para que a sua criação fizesse a Sua vontade. Deus é soberano e poderia muito bem manipular todas as coisas de modo que todos agissem como marionetes em Suas mãos. A intervenção divina não mostra Deus como um fraco, que não tem poder para convencer o homem; nem mostra Deus como um manipulador, que rege todas as decisões da humanidade. A questão é que Deus é santo, Ele não pode conviver com o pecado. Deus com certeza sabia o que passava pela mente e coração de Caim. Sabia que o pecado estava tomando posse. O “Por que” de Deus não é algo inocente, e sim uma retórica soberana. O propósito do SENHOR foi mostrar a Caim a sua situação e oferece-lo uma oportunidade para livrar-se da destruição do pecado.
Deus sempre fez questão de intervir sobre o homem, seja para juízo ou para salvação. Quando a humanidade estava indo por água abaixo, Deus resolveu mandar água (dilúvio) para acabar com a perversidade humana e ofereceu livramento para alguns; Ele providenciou salvação para Isaque quando Abraão estava prestes a sacrificá-lo; mostrou a Ló o juízo que viria sobre as cidades de Sodoma e Gomorra; enviou o seu único filho para ser sacrificado, proporcionando a redenção de todo aquele que depositar a fé em tamanho sacrifício!  Deus sempre tratou de mostrar ao homem o caminho certo. Ele sempre providenciou um outro caminho além daquele que traz destruição. Até mesmo nas provações, permitidas por Deus, somos livrados [se aprovados] pela Sua mão poderosa! E ainda, de brinde, exercitamos a paciência e a perseverança (Tg 1:2; Rm 5:3,4).
Satanás, por sua vez, tenta, de todas as formas, derrubar o homem. Ele aproveita-se da situação pecaminosa que o homem se encontra para destruí-lo. Por meio do pecado, ele até se aproveita de algo santo, como a Lei, para despertar no homem toda a sorte de concupiscência (Rm 7:8)! Paulo o chama de “o Tentador” em I Tessalonicenses 3:5. Até o próprio Jesus foi tentado, enquanto estava no deserto! Essa é uma grande ferramenta que Satanás usa para tentar frustrar os planos de Deus. Sabemos que ele não pode atuar de forma plena na Terra, porque existe algo que o detém (II Ts 2:7), mas isso não o impede de tocar umas “musicazinhas”! O SENHOR permite que Satanás opere assim. Ele não pode criar uma situação que leve o homem a pecar, mais pode permitir que Satanás o faça. Será que Deus é infiel por permitir isso? Muito pelo contrário. Mesmo permitindo isso, Ele nos diz que “não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (I Co 10:13, grifo meu). Deus é fiel quando, mesmo permitindo que sejamos tentados, Ele mesmo providencia uma maneira nos livrar!
O versículo 7 de Gênesis 4 é bem difícil de entender. Deus parece dizer algo sobre como Caim deve se comportar, mas o texto não perece ser claro quanto à natureza desse comportamento. Se tentarmos ler o texto original [em hebraico], só vai piorar! Está mais ou menos assim: “Não é que, se ages bem, elevação, e se não ages bem, à tua porta o pecado (fem.) dormindo (masc.) e para ti sua (masc.) cobiça e tu o dominarás”. Alguns estudiosos inclusive creem que o texto original tenha sido modificado na transcrição dos manuscritos. Um comentarista interpreta esse texto da seguinte forma: “Se fizeres bem, em lugar deste semblante abatido, naturalmente erguerias a cabeça e terias um semblante alegre como aqueles que agem com propósitos elevados. Mas se não fizeres o bem, e continuares alimentando ódio contra teu irmão, por sua oferta ser aceita e a tua rejeitada, o pecado descerá à tua porta como um animal feroz por sua presa. Serás infalivelmente uma vítima de tua pecaminosa paixão. O pecado deseja dominar-te, mas não deves temê-lo porque o Senhor te concederá poder para enfrentá-lo e sair vitorioso.” Independente a interpretação deste texto, a grande questão é que o SENHOR nos dá uma saída; sempre deu e sempre dará!
Aplicação: Deus deu uma grande oportunidade para que Caim tapasse os ouvidos à melodia de Satanás. Não é novidade para ninguém o fato de que Caim na verdade tapou os ouvidos à voz de Deus. O pecado é algo destrutivo e entristece a Deus. É uma oportunidade para Satanás dizer a Deus: “Olhe aí, na igreja é um santo; mas fora dela é um dos meus”. Nós somos filhos da luz e devemos viver de acordo. Quando estiver em uma situação de perigo, quando perceber que o pecado jaz à porta, procure ver a saída que Deus providenciou para você. Mantenha os ouvidos atentos à melodia divina, porque ela será capaz de te livrar da destruição. Nessas horas, a voz de Deus parece ser menos audível que a de Satanás. Mas uma coisa eu te digo: treine os seus ouvidos espirituais para escutar os sons mais graves!

2 comentários:

  1. Muito edificante, nobre Igor. Detalhado e enxuto, pude compreender mais da largura, comprimento, profundidade e altura do amor de Deus: oferecendo oportunidade a quem mesmo não a aproveita. Ele ama a ponto de nos desviar do mal que nós mesmos causamos contra ele! Fiel é Deus, sejamos seus imitadores. Na fé, em Cristo. Ricardo.

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    1. É verdade, Ricardo! Tudo fruto do amor de Deus por nós! Abraço!

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