sábado, 5 de abril de 2014

"A Guerra pela Verdade"

Inaugurando uma nova série de posts sobre resenha de livros, gostaria de comentar sobre o livro A Guerra pela Verdade, John MacArthur.

Sobre o autor
Autor de mais de 150 livros, muitos dos quais são best-sellers, e alguns deles publicados no Brasil, pela Editora Fiel. É pastor da Grace Community Church, em Sun Valley, Califórnia. É presidente da Master's College and Seminary e do Ministério "Grace to You". Esse Ministério desenvolve e transmite para diversos países um programa de Rádio que tem esse mesmo nome; também produz grande quantidade de materiais, impressos, em áudio e para a internet. John e sua esposa Patrícia tem quatro filhos e catorze netos.

(Mais informações: http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Fullerton_MacArthur)

Sobre o Livro
O livro trata de um grande encorajamento aos cristãos para defenderem a sua fé em meio a uma sociedade marcada pela permissividade e pensamentos relativistas sobre a certeza, usando como base as verdades bíblicas. É óbvio que, em meio às exortações e encorajamentos, vemos: relatos sobre as grandes heresias que permearam a igreja durante os primeiros séculos; históricos de grandes homens que lutaram pela verdade; os pensamentos moderno e pós-moderno a respeito da verdade; as igrejas atuais que negam as Escrituras como uma fonte infalível de princípios divinos; doutrinas referentes às verdades bíblicas; entre outros. Basicamente, esse livro traz boas interpretações e aplicações atuais [e históricas] do livro de Judas, que enfatiza o dever do cristão em lutar pela verdade e combater os falsos mestres que adentravam nas
igrejas naquela época.
Então, se você deseja aprender um pouco mais sobre qualquer um desses temas, esse é um ótimo livro. A leitura não é tão fácil, até pela complexidade do assunto. É um livro que merece ser estudado, e não apenas lido. Os temas abordados não são de natureza comum às leituras devocionais que temos muitas vezes, mas sim uma crítica sobre pensamentos que permearam a história com o objetivo de anular a confiança nas verdades bíblicas. Dá pra perceber que o autor estudou bastante sobre esse tema, inclusive em literaturas não cristãs.

Sobre os Capítulos
O texto é dividido em 8 capítulos, mais uma introdução e um apêndice. Vou apenas comentar um pouco sobre os temas dos capítulos, juro que não vou estragar a surpresa!

Na Introdução, ele faz um grande resumo sobre o tema do livro, enfatizando o motivo pelo qual devemos lutar pela verdade.Vemos sobre o que é verdade e como esse conceito está ligado diretamente a natureza de Deus. A atenção do cristão sobre esse assunto deve ser relevante, pois existem igrejas na atualidade que tem crescido com esse pensamento relativista sobre a verdade.
No Capítulo 1, vemos um grande estudo sobre o comportamento humano em se relacionar com a verdade através das eras moderna e pós-moderna e como isso afetou, inclusive, o cristianismo (Ótimo capítulo).
Nos Capítulos 2 e 3, o autor enfatiza a existência de uma guerra que devemos travar contra esses pensamentos pós-modernos, para que a saúde da igreja permaneça. Ele condena qualquer comportamento de acomodação diante da apostasia que claramente se multiplica no meio evangélico.
Nos Capítulo 4, 5 e 6, ele dedica um bom tempo para falar sobre a apostasia e sobre heresias que surgiram desde o primeiro século e atacam as igrejas hoje em dia. Possui várias definições de seitas e como elas evoluíram ao longo do tempo.
No Capítulo 7, vemos exemplos de igrejas que abandonaram o compromisso com a verdade, anulando o senhorio de Cristo, e passaram a tratar o culto como um simples entretenimento. Fala muito sobre as "Igrejas Emergentes" e os seus líderes, que negam a Cristo como o cabeça da Igreja.
No Capítulo 8, ele dá uma boa exposição de Judas 5 e motiva os leitores a lembrar-se das lições do passado para construir grandes homens de Deus no futuro.

Onde Comprar
Livraria Erdos
Editora Fiel


MACARTHUR, John. A Guerra pela Verdade: Lutando por certeza numa época de Engano, São José dos Campos, SP: Editora Fiel.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Importância de um Líder

"E se ajuntaram contra Moisés e contra Arão e lhes disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o SENHOR está no meio deles; pois por que vos exaltais sobre a congregação do SENHOR?" Números 16:3
     Ao ler esse texto, e também todo o capítulo 16 de Números, me vem a mente pelo menos dois grupos de pessoas. Primeiro, aqueles que negam completamente a autoridade do líder sob o qual estão subordinados. Em nosso contexto eclesiástico, seriam aquelas pessoas que não conseguem, por algum motivo, reconhecer a autoridade do pastor e dos líderes da igreja. Eles simplesmente fazem o que querem e usam o pretexto "meu líder é Deus" para não sujeitar-se a autoridade pastoral. Geralmente, essas pessoas apresentam esse tipo de comportamento por acharem-se esclarecidos ao ponto de não precisarem de um guia espiritual em sua caminhada cristã; eles que, na verdade, deveriam exortar e auxiliar os líderes a caminharem dentro dos padrões divinos, por serem tão sábios [perdão pelo sarcasmo]! O segundo grupo, são aqueles que negam a necessidade de um líder espiritual sobre as suas vidas. E pode apostar que eles também não gostam muito do conceito de Igreja! Eles entram com argumentos sobre a possibilidade de adorar a Deus em qualquer lugar e sobre a péssima saúde da grande maioria das igrejas evangélicas no nosso país, e que, por isso, preferem realizar reuniões informais e fora dos padrões tradicionais de um culto público. Sem líderes e sem organização litúrgica; cada um faz o que bem entender. Excluem completamente a figura da liderança, tão enfatizada nas Escrituras.
     A ocasião do verso apresentado acima encontra-se no contexto da peregrinação de Israel no deserto, marchando do monte Sinai até Cades-Barnéia, sob a liderança de Moisés e Arão. O próprio Deus havia separado esses homens para realizar a obra de libertar o povo das mãos ímpias do Egito. E com certeza, esse chamado foi, por repetidas vezes, resistido; pelo menos por parte de Moisés (Êx 4). Isso enfatiza o fato que Moisés nunca buscou ser o líder do povo, porém o próprio Deus o designou e o capacitou para esta obra. Em Êxodo 4:16, o SENHOR disse a Moisés: "tu lhe serás por Deus", referindo-se sobre o seu ministério em revelar a Arão a palavra de Deus. Paulo também trata Moisés como um mediador entre Deus e os homens (Gl 3:19). Que responsabilidade de Moisés! A Arão, coube a responsabilidade de interceder pelo povo. Ele e sua descendência foram separados por Deus para oficiarem como sacerdotes, e isso seria por "estatuto perpétuo para ele e para sua posteridade" (Êx 28:43). Dois grandes líderes, sendo guiados pelo nosso único Líder, Deus. A vontade humana não é suficiente para levantar líderes, mas somente Deus pode levantá-los!
     Entretanto, o esforço em cumprir o dever dado por Deus não era apreciado por parte do povo de Israel. Inclusive o alvo das murmurações era muitas vezes contra Moisés (Nm 14:2), sem saber eles que uma murmuração contra um líder de Deus era uma murmuração contra o próprio Deus (Nm 14:27). O ódio era tanto, que eles queriam apedrejá-lo (Nm 14:10)! Até mesmo Arão e Miriã, irmãos de Moisés, ficaram contra ele em algum momento (Nm 12:1, 2). Tudo isso era fruto da falta de compreensão e de consideração sobre o caráter vital do papel do líder na congregação. E entre todas essas insatisfações, vemos a rebelião de Corá, descrito no capítulo 16 de Números.
     Corá era um levita, filho de Coate (Nm 16:1). Ele com certeza era um homem muito importante dentre os filhos de Israel. O simples fato de ter a sua genealogia registrada nas Escrituras é prova disso (WIERSBE, 2006). Mas a sua importância e preeminência o exaltou a ponto de questionar a importância de Moisés sobre a nação de Israel (não é geralmente assim que acontece?). E esse é o primeiro aspecto de uma pessoa que deseja derrubar [em algum sentido] uma liderança. A autossuficiência intelectual clama por uma vida livre de regras ou subordinações, capaz até mesmo de desprezar uma figura completamente bíblica. Tenho certeza que Corá entendia a organização instituída por Deus para orientar o povo através do deserto, mas a sua ganância e soberba fez com que ele resistisse a ordem do SENHOR.
     O segundo aspecto vemos no verso 2: "Levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinquenta homens". Uma rebelião não pode ser feita com único homem; não teria nenhuma força. Por ser coatita, Corá era responsável por carregar a mobília do tabernáculo quando Israel estava em marcha. Durante a marcha, os coatitas ficavam bem próximos de outras tribos dos filhos de Israel, mais especificamente de Gade, Simeão e Rúben. Isso talvez explique o fato de que a rebelião era composta por pessoas de outras tribos, não somente por levitas (WIERSBE, 2006). A questão é que pessoas como Corá sempre influenciam e convencem outras pessoas acerca do seu pensamento. Elas não se deleitam, pessoalmente, em suas filosofias singulares, mas fazem questão de mostrar aos outros como o seu pensamento faz sentido!
     No versículo 12, nós vemos o terceiro aspecto de alguém que rejeita a figura de um líder. Datã e Abirão (v.1, 12), que encabeçavam [juntamente com Corá] a rebelião, receberam uma ordem de Moisés de comparecerem a reunião para decidir algo sobre esses assuntos. E eles, de forma rebelde, disseram: "Não subiremos" (v.12). E além disso ainda culparam Moisés por terem os tirado da terra do Egito, supondo lá ser a terra que mana leite e mel! Indisciplinados, rebeldes. Eles não só recusam a liderança como a ridicularizam.
     Esse é o perfil daqueles que não suportam os padrões cristãos de liderança. Eles podem parecer dissimulados em um primeiro momento, mas não demorará muito para evidenciarem o desprezo pela organização divina da igreja. Isso com certeza se aplica aos dois grupos que mencionei no início deste post. Tanto aqueles que vivem dentro igreja rejeitando o pastor, como aqueles que estão fora da igreja rejeitando a organização litúrgica do culto, são rebeldes, "autossuficientes" e fazem questão de influenciar outras pessoas sobre o erro.
     Isso tudo porém, rendeu a Corá e sua equipe grande condenação por parte de Deus. Moisés propôs que o SENHOR fosse consultado para saber a resposta sobre o que eles estavam sugerindo, ou seja, a ausência de um líder. Talvez eles tivessem alguma esperança de que Deus estivesse do lado deles! A resposta de Deus foi de reprovação total, a ponto de matar todos aqueles que se mostraram rebeldes.
     Ao invés de ignorar, pense em como você poderia ser útil na obra de Deus, auxiliando o seu pastor.


WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento, Volume 1, Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006